Durante os chamados “Longos Anos Sessenta” emergiram novos movimentos, num processo marcado por uma grande interligação transnacional e que exigiu a revisão da forma como as próprias ciências sociais entendiam o conflito. O caso português participou desse movimento mundial, ao mesmo tempo que a sua especificidade oferece um novo olhar sobre a dinâmica daqueles que ficaram também conhecidos como os “Anos Sessenta Globais”.
Vista como uma idade de trevas, violência e superstição ou, alternativamente, de civilização e valores cavalheirescos e comunitários, o período histórico habitualmente designado como “Idade Média” exerce desde há muitos séculos um fascínio enorme, que se perpetua até hoje e se estendeu às mais diferentes geografias. A história dos medievalismos em Portugal está indelevelmente ligada a acontecimentos políticos, transformações socioeconómicas e correntes culturais que marcaram outros países ao longo da época contemporânea.
Antigo combatente da luta armada de libertação de Moçambique, Matias Tomé Upinde (1945-2024) é uma figura quase desconhecida, tanto em Moçambique como em Portugal. No entanto, enquanto Comandante de Batalhão das Forças Internacionalistas de Moçambique no Zimbabué (1978-1980), a sua história de vida, narrada pelo próprio, em 2023, durante uma visita ao Monumento e Centro de Interpretação da Matola, no âmbito da Conferência Internacional “Samora Machel e a África Austral”, convida-nos a repensar o lugar da República Popular de Moçambique enquanto “Estado da Linha da Frente” na região da África Austral, cruzando a resistência ao colonialismo português, o combate ao regime de minoria branca da Rodésia do Sul e a luta contra o apartheid na África do Sul.
D. Maria Constança da Câmara (1801-1860), sétima marquesa de Fronteira por casamento, foi uma aristocrata portuguesa de percurso biográfico praticamente desconhecido até à recente publicação do seu diário. Antes disso, as poucas referências existentes reportavam-se às memórias do seu marido e à biografia laudatória publicada após a sua morte. Filha, irmã e mulher de aderentes à causa liberal, tais laços familiares levaram-na a emigrar, nas décadas de 1820 e início de 1830, para diversos reinos europeus, permitindo-lhe o contacto com diferentes nações, culturas, aristocracias e artistas, o que lhe deu uma dimensão transnacional, comum a outros portugueses emigrados neste período.
No ano de 1936, o foneticista português Armando de Lacerda (1902-1984) criou na Universidade de Coimbra o Laboratório de Fonética Experimental. Equipado com modernos cromógrafos e aplicando métodos inovadores para a análise dos sons da linguagem, este espaço chegou a ser considerado por diversos membros da comunidade internacional como o mais avançado laboratório de Fonética Experimental da Europa. O estudo científico da fala humana desenvolvido por Lacerda atraiu ao longo de décadas investigadores dos quatro cantos do mundo, transformando o seu laboratório num dos centros da ciência fonética a nível global.