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Centro de Estudos Africanos
O Centro de Estudos Africanos foi um espaço de encontro, debate e reflexão sobre a África, onde os participantes partilhavam leituras e conhecimentos para se reapropriarem da sua história e cultura, num processo de "reafricanização dos espíritos". Foi fundado clandestinamente em Lisboa em 1951 por um grupo de estudantes provenientes de Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, muitos dos quais se tornariam líderes dos futuros movimentos de libertação nacional. O Centro funcionou em regime de seminário até 1953, ano em que teve de encerrar as suas atividades. -
Agências de passagens e passaportes
As agências de passagens e passaporte foram agentes intermediários privilegiados no estímulo às migrações portuguesas contemporâneas transatlânticas. Nesta entrada podemos compreender os seus perfis socioprofissionais e, a partir de Portugal, o seu modus operandi realizado a partir das suas conexões transnacionais. -
Fundação do Partido Comunista Português
Depois da Revolução Russa de Outubro de 1917 nasceram Partidos Comunistas em várias partes do mundo. O Partido Comunista Português (PCP) foi criado em 1921, com uma forte marca originária anarquista, o que o diferenciou da maioria dos países europeus. Contudo, esta marca originária não foi caso único e as ligações com militantes anarquistas espanhóis foram igualmente relevantes nos anos da fundação do PCP. -
Acordo de Alvor
O Acordo de Alvor, assinado em janeiro de 1975 entre o governo português e os principais movimentos de libertação de Angola, marcou o início formal do processo de descolonização do país. Este acordo representou uma solução negociada singular no contexto das independências das colónias do império português, ao prever a realização de eleições para uma Assembleia Nacional em Angola, que, contudo, nunca chegaram a realizar-se. -
Segunda Independência de Timor-Leste (1999-2002)
Após uma primeira proclamação ainda na década de 1970, e depois de sofrer o domínio neocolonial de Jacarta ao longo de 24 anos, Timor-Leste viria por fim a conquistar a sua independência a 20 de Maio de 2002, no termo de um período de administração directa pelas Nações Unidas e de um processo de solidariedade internacional de que participaram, entre outros, diferentes actores portugueses. -
Primeira Proclamação da Independência de Timor-Leste (1975)
Após a Revolução Portuguesa de 25 de Abril de 1974, Timor-Leste enfrentou um longo e turbulento processo de autodeterminação, que incluiu duas proclamações de independência. No início, ao longo de ano e meio, houve uma tentativa de garantir uma autodeterminação “exemplar”, que foi interrompida pela erupção de uma breve e sangrenta guerra civil, com a proclamação unilateral da independência e com a invasão militar indonésia. Seguiu-se, ao longo de 24 anos, o domínio neocolonial de Jacarta, alvo de intensa contestação popular, até que um referendo conduzido sob os auspícios da ONU ditou a recusa de um estatuto de autonomia no quadro da soberania indonésia, abrindo as portas à chamada “restauração” da independência, proclamada a 20 de Maio de 2002, no termo de um período de administração direta pelas Nações Unidas. Esta entrada debruça-se sobre a primeira proclamação. -
Casa dos Estudantes Portugueses na Cidade Internacional Universitária de Paris
Concebida para contribuir para ‘as relações culturais e o intercâmbio intelectual entre Portugal e França’, a Casa dos Estudantes Portugueses na Cidade Internacional Universitária de Paris foi inaugurada em 1967. A sua história ilustra as contradições da internacionalização da investigação científica portuguesa e da circulação transnacional de estudantes já desde as primeiras décadas do século XX. No contexto do ‘Maio de 68’, a Casa foi palco de um conjunto de convulsões que causaram profunda consternação junto das autoridades do Estado Novo. -
Descolonização
Esta entrada procura situar a descolonização portuguesa face a processos análogos noutras formações imperiais europeias no século XX. Fá-lo numa perspetiva diacrónica, explorando quatro subdivisões temporais: 1919-1945 (os impactos das duas guerras mundiais); 1945-61 (as tentativas de relegitimação do colonialismo através do «desenvolvimento»); 1961-74 (a intensificação das pressões para a descolonização); e 1974-75 (o fim do império e as suas sequelas). A entrada procura salientar exemplos de influências transnacionais e matizar noções de uma singularidade portuguesa em todo este processo histórico. -
Medievalismo
Vista como uma idade de trevas, violência e superstição ou, alternativamente, de civilização e valores cavalheirescos e comunitários, o período histórico habitualmente designado como “Idade Média” exerce desde há muitos séculos um fascínio enorme, que se perpetua até hoje e se estendeu às mais diferentes geografias. A história dos medievalismos em Portugal está indelevelmente ligada a acontecimentos políticos, transformações socioeconómicas e correntes culturais que marcaram outros países ao longo da época contemporânea. -
Francisco Rolão Preto
Inicialmente influenciado por algumas das principais figuras da direita reacionária francófona, Rolão Preto (1893-1977) viria a aproximar-se do fascismo, sob influência de figuras italianas como Corradini e D’Annunzio. Líder do Movimento Nacional-Sindicalista, seguidor de Mussolini, entraria em conflito com Salazar no período inicial da ditadura do Estado Novo e passaria mesmo algum tempo exilado em Espanha. Já na segunda metade do século, terá renegado o fascismo, e em particular pensadores como Sorel e Maurras, que o haviam influenciado no início da sua carreira política. -
Instituto Bacteriológico Câmara Pestana
O Instituto Bacteriológico Câmara Pestana (IBCP) foi fundado em Lisboa em 1892, no quadro de um movimento europeu de afirmação dos laboratórios como instituições centrais da produção científica. Com a identificação de bactérias como agentes patológicos, na transição do século XIX para o século XX, os microscópios passaram a ser instrumentos fundamentais nas práticas biomédicas. O IBCP, as redes internacionais em que se inseriu e as ligações que ajudou a criar são um excelente exemplo do impacto da revolução bacteriológica nas áreas da saúde e medicina em Portugal. -
Jardim do Príncipe Real
O jardim do Príncipe Real era um dos endereços mais exclusivos de Lisboa na década de 1880. Nos palacetes construídos à volta do jardim moravam vários grandes “empresários” portugueses. Este texto discute as histórias que se escondem por detrás desses edifícios e dos seus proprietários, das quais fazem parte indústrias e bancos portugueses, mas também escravos africanos, borracha da amazónia, imaginários urbanos parisienses e cultura arquitectónica italiana. -
Baleação
A baleação foi um terreno fértil de contatos transatlânticos entre os arquipélagos dos Açores e Cabo Verde, os Estados Unidos da América e o continente europeu. Enquanto atividade económica global, a baleação contou com um protagonismo crescente dos baleeiros portugueses até ao início do século XX, mas constituiu também um campo social e cultural que instaurou ligações transnacionais que ainda hoje persistem, adquirindo ainda, mais recentemente, uma dimensão patrimonial. -
Portugal em Hollywood
Durante o Estado Novo, a indústria cinematográfica dos Estados Unidos da América (EUA), habitualmente designada por Hollywood, produziu mais de quarenta filmes de ficção cujo enredo se desenrola, pelo menos parcialmente, em Portugal ou nas suas colónias. Em conjunto com as intervenções de políticos, diplomatas, propagandistas, jornalistas e ativistas, estes produtos comerciais contribuíram para a disseminação de imagens e ideias sobre Portugal, sendo que o cinema de Hollywood se destacava pelo amplo apelo de massas, pelo vasto aparato publicitário e pela distribuição em grande escala, tanto dentro quanto fora dos EUA (incluindo em Portugal, onde ocupava a maioria do mercado). Dado o parco envolvimento de figuras e organismos portugueses nestas produções, o seu estudo revela como a projeção internacional de Portugal neste período se deveu a impulsos externos e não apenas internos. Ainda assim, com a exceção da representação do colonialismo em Macau, a tendência geral foi para uma sintonia entre os discursos de Hollywood e o do Estado Novo, nomeadamente em termos do posicionamento do país na Segunda Guerra Mundial, na Guerra Fria e na ascensão do turismo.