Sensivelmente desde finais do século XVIII que a chegada de camponeses à orla das cidades para trabalharem em fábricas foi acompanhada da migração de jovens camponesas à procura de trabalho doméstico. Os contornos da sua inscrição na vida privada têm sido marcados por uma grande invisibilidade, hoje igualmente notória num contexto pós-colonial, com a deslocação de trabalhadoras domésticas jovens, provenientes de países empobrecidos, para países com economias terciarizadas, do Norte Global.
Este texto examina a trajetória do turismo em Portugal, enfatizando sua conexão com processos transnacionais. Sugere-se que uma leitura conectada da história do turismo em Portugal tenha como objetivo analisar como, ao longo do último século e em função dos diferentes contextos políticos ou económicos, os atores nacionais encararam ou refletiram sobre a dimensão transnacional do fenómeno turístico.
Realizada na passagem de ano de 1972 para 1973, a vigília da Capela do Rato foi o momento mais emblemático da oposição dos chamados «católicos progressistas» contra o regime do Estado Novo. Pelas repercussões que gerou, seja no plano interno (v.g., invasão de um templo pela polícia, debates na Assembleia Nacional, demissão dos funcionários públicos envolvidos na vigília), seja no plano internacional, o «caso da Capela do Rato» tornou-se um «lugar de memória» ainda hoje não isento de controvérsia, nomeadamente quanto ao envolvimento de alguns dos seus promotores com o grupo de luta armada das Brigadas Revolucionárias.