Inicialmente influenciado por algumas das principais figuras da direita reacionária francófona, Rolão Preto (1893-1977) viria a aproximar-se do fascismo, sob influência de figuras italianas como Corradini e D’Annunzio. Líder do Movimento Nacional-Sindicalista, seguidor de Mussolini, entraria em conflito com Salazar no período inicial da ditadura do Estado Novo e passaria mesmo algum tempo exilado em Espanha. Já na segunda metade do século, terá renegado o fascismo, e em particular pensadores como Sorel e Maurras, que o haviam influenciado no início da sua carreira política.
As festas do Espírito Santo tiveram origem, em Portugal continental, no início do século XIV. Iniciaram, a partir do século XVI, um conjunto de viagens – associadas a diferentes fases da globalização – que as irão conduzir sucessivamente aos arquipélagos atlânticos da Madeira e dos Açores e, a partir do século XVII, ao Brasil. Desde finais do século XIX acompanharam também a emigração açoriana para a América do Norte, onde se realizam hoje festas nos EUA no Havaí, na Bermuda e no Canadá.
Esta entrada analisa o envolvimento de Portugal na extração de diamantes, designadamente em Angola durante o século XX. Discute a fundação da DIAMANG, empresa colonial de mineração com sede em Lisboa, mas na prática transnacional, uma vez que dependia da gestão, do financiamento e da experiência no terreno de uma série de atores localizados nos EUA, na Bélgica, na África do Sul e na Grã-Bretanha.
Esta entrada procura situar a descolonização portuguesa face a processos análogos noutras formações imperiais europeias no século XX. Fá-lo numa perspetiva diacrónica, explorando quatro subdivisões temporais: 1919-1945 (os impactos das duas guerras mundiais); 1945-61 (as tentativas de relegitimação do colonialismo através do «desenvolvimento»); 1961-74 (a intensificação das pressões para a descolonização); e 1974-75 (o fim do império e as suas sequelas). A entrada procura salientar exemplos de influências transnacionais e matizar noções de uma singularidade portuguesa em todo este processo histórico.
No século XX, Portugal tornou-se líder mundial no setor corticeiro, cuja receita provém da exportação de produtos derivados desta matéria-prima. Sendo um negócio internacionalizado, a presença de agentes económicos estrangeiros, sobretudo no século XIX, foi essencial para o seu desenvolvimento. Esta entrada resume a evolução do setor da cortiça em Portugal no período contemporâneo, destacando as constantes ligações transnacionais que têm contribuído para sustentar um dos principais setores da economia portuguesa.
Pouco depois do fim da II Guerra Mundial, a ditadura do Estado Novo proibiu qualquer intervenção privada na organização da saída de pessoas do país, ao mesmo tempo que implementou um processo de seleção de emigrantes burocrático e moroso. A fuga clandestina tornou-se então a opção mais procurada, tendo sido desenvolvidas várias estratégias e redes informais para acompanhar e orientar o candidato à emigração desde a saída até aos diversos destinos, nomeadamente França.
Em 1950, Portugal aderiu à Comissão de Cooperação Técnica na África ao Sul do Saara (CCTA). No espaço português, e ao longo de cerca de uma década, a CCTA deu um novo impulso à investigação em várias especialidades científicas, em particular nas ciências sociais. No contexto desenvolvimentista do pós-guerra, a participação de Portugal na CCTA contribuiu para relegitimar o seu domínio colonial em África. No entanto, a história destas relações trans-imperiais tem um interesse que ultrapassa as dinâmicas particulares de cada estado: ela dá conta das raízes coloniais de uma parte importante das ciências sociais contemporâneas.