Após a Revolução Portuguesa de 25 de Abril de 1974, Timor-Leste enfrentou um longo e turbulento processo de autodeterminação, que incluiu duas proclamações de independência. No início, ao longo de ano e meio, houve uma tentativa de garantir uma autodeterminação “exemplar”, que foi interrompida pela erupção de uma breve e sangrenta guerra civil, com a proclamação unilateral da independência e com a invasão militar indonésia. Seguiu-se, ao longo de 24 anos, o domínio neocolonial de Jacarta, alvo de intensa contestação popular, até que um referendo conduzido sob os auspícios da ONU ditou a recusa de um estatuto de autonomia no quadro da soberania indonésia, abrindo as portas à chamada “restauração” da independência, proclamada a 20 de Maio de 2002, no termo de um período de administração direta pelas Nações Unidas. Esta entrada debruça-se sobre a primeira proclamação.
Após uma primeira proclamação ainda na década de 1970, e depois de sofrer o domínio neocolonial de Jacarta ao longo de 24 anos, Timor-Leste viria por fim a conquistar a sua independência a 20 de Maio de 2002, no termo de um período de administração directa pelas Nações Unidas e de um processo de solidariedade internacional de que participaram, entre outros, diferentes actores portugueses.
O jardim do Príncipe Real era um dos endereços mais exclusivos de Lisboa na década de 1880. Nos palacetes construídos à volta do jardim moravam vários grandes “empresários” portugueses. Este texto discute as histórias que se escondem por detrás desses edifícios e dos seus proprietários, das quais fazem parte indústrias e bancos portugueses, mas também escravos africanos, borracha da amazónia, imaginários urbanos parisienses e cultura arquitectónica italiana.
As agências de passagens e passaporte foram agentes intermediários privilegiados no estímulo às migrações portuguesas contemporâneas transatlânticas. Nesta entrada podemos compreender os seus perfis socioprofissionais e, a partir de Portugal, o seu modus operandi realizado a partir das suas conexões transnacionais.
Instalada numa pequena aldeia na zona do Ribatejo, em Portugal, a Sociedade Anónima de Rádio-Retransmissão, S.A.R.L, mais conhecida como RARET, desempenhou um papel importante nas disputas de propaganda e informação durante a Guerra Fria. A sua história ligou o conflito entre norte-americanos e soviéticos ao posicionamento externo da ditadura portuguesa, desde o pós-segunda guerra mundial até ao tempo da democracia, passando pelas tensões internacionais relativas à guerra colonial.
Em meados do século XIX, o botânico austríaco Friedrich Welwitsch (1806-1872) foi uma figura-chave na produção de conhecimento científico sobre o Império Português. As suas coleções de flora africana e a intensa correspondência com alguns dos mais eminentes botânicos da época fizeram dele um protagonista de uma história mais alargada das múltiplas relações entre ciência e colonialismo.
A oposição católica à ditadura do Estado Novo é uma história portuguesa, mas também nos leva a outros lugares importantes da formação e intervenção religiosa, cultural e política do catolicismo – de Lovaina, na Bélgica, à América Latina da Teologia da Libertação.
Este texto examina a trajetória do turismo em Portugal, enfatizando sua conexão com processos transnacionais. Sugere-se que uma leitura conectada da história do turismo em Portugal tenha como objetivo analisar como, ao longo do último século e em função dos diferentes contextos políticos ou económicos, os atores nacionais encararam ou refletiram sobre a dimensão transnacional do fenómeno turístico.
No século XX, Portugal tornou-se líder mundial no setor corticeiro, cuja receita provém da exportação de produtos derivados desta matéria-prima. Sendo um negócio internacionalizado, a presença de agentes económicos estrangeiros, sobretudo no século XIX, foi essencial para o seu desenvolvimento. Esta entrada resume a evolução do setor da cortiça em Portugal no período contemporâneo, destacando as constantes ligações transnacionais que têm contribuído para sustentar um dos principais setores da economia portuguesa.
Esta entrada analisa o envolvimento de Portugal na extração de diamantes, designadamente em Angola durante o século XX. Discute a fundação da DIAMANG, empresa colonial de mineração com sede em Lisboa, mas na prática transnacional, uma vez que dependia da gestão, do financiamento e da experiência no terreno de uma série de atores localizados nos EUA, na Bélgica, na África do Sul e na Grã-Bretanha.
Nascido em Angola, Bonga é um dos principais intérpretes e criadores da música popular angolana. A sua obra faz parte não apenas da história contemporânea de Angola, mas também da história das canções de protesto contra o regime colonial português.
Presença assídua nas manhãs de muitos de nós, o café e a sua economia global têm uma história de que o império português participou, com destaque para Angola, que se tornou um dos maiores produtores mundiais do produto.
Entre o final do século XIX e a década de 1950, a produção cerealífera em Portugal esteve condicionada por uma carência persistente de fontes de azoto, tanto orgânicas como químicas. A história da adubação azotada oferece um olhar complexo sobre a agricultura portuguesa, conjugando as dinâmicas biológica e geoquímica do solo, o desenvolvimento científico e industrial do país e a emergência de uma geopolítica agro-militar do azoto.